Ando com uma vontade imensa de viajar, de ir a algum lugar diferente, de fazer coisas diferentes. Talvez seja o mês manso, depois de todas as festas, que é janeiro. Mas Janeiro é também um mês de agito e de coisas acontecerem, e viajarmos, visitar família etc. E eu que num fiz nada disso esse ano, sinto falta.
Queria ir pra um lugar como "Passárgada" do Manuel Bandeira, poema que transcreverei no final ( Esse Blog tá virando quase um blog de poesia devido a algumas homenagens que faço a poetas que gosto, e Manuel Bandeira está no roll dos que mais eu gosto).
Mas o fato é que queria ir "me embora pra Passargada" por pelo menos duas semanas e depois voltar a minha vida de sempre. Com seus problemas, seus sossegos, suas turbulencias e alegrias de sempre.
Há!!! Permitam- me só uma lembrança que esse poema me tráz, uma não, duas: a primeira é a imagem de eu com uns quatorze anos lendo esse poema e sonhando com um lugar onde a vida fosse essa aventura inconsequente, onde eu fosse amigo do rei e teria a mulher que quisesse, etc... isso pra minha mente adolescente era fantástico...e eu confesso que essa imagem de Passárgada não saiu de minha mente até hoje.
A segunda lembrança é de meu irmão tentando recitar esse poema num curso de teatro que nós fizemos. O Professor pediu pra cada um levar um poema pra ser recitado e ele, depois de treinar bastante, levou esse. Só que na hora que foi recitar ele não conseguia, chegava uma parte e dava branco etc. Tinha uma galera que ficava rindo, daquela cena e tal... e eu sabia o quanto era importante pro meu irmão, pois ele tinha treinado bastante. Final: fiquei sentido pois ele não conseguiu terminar o poema, e muito mais sentido pois não mandei aquela galera ir se fu***. Final da história.
Fim de papo. Taí o poema:
Vou-me Embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Engraçado que esse poema sempre me lembrou Douglas, pq qd vcs foram embora pra Limeira (em 2003) ele se deu bem, pegando todas e tal.. e eu e as meninas brincávamos que ele tinha ido pra Pasárgada...
ResponderExcluirPoxa, vc descreveu uma sensação que me rodeia sempre, e que com ctz fica mais evidente nos meses de férias... A vontade de ir para a cidade natal parece nunca cessar.
ResponderExcluirO poema então, retrata esta visão que acabamos criando, de sentir que nossa cidade é a mais perfeita de todas, a mais bonita e feliz.
Olha conhecendo o blog hj não consigo deixar de notar a injustiça que você cometeu velho, um blog q carrega tanto sentimento... tava poesia, um blog tao ludico e ao mesmo tempo tao factual não pode de forma alguma se chamar "Mundo em crise", tudo que li aqui são historias e pensamentos tão seus, mas que deveriam ser tão nossos porquê tratam de coisas tão bonitas e fundamentais para o bem comum. Suplico que mude logo esse nome... Se quiser uma sugestão fica a minha pelo menos. "Vale a pena viver". E vale mesmo quando agente dividi a existencia com gente como você percebe na hora que vale a pena.
ResponderExcluirAbraço negão