sábado, 16 de janeiro de 2010

"Vou me embora pra Passárgada" (Só por duas semanas tava bom!!!)

Ando com uma vontade imensa de viajar, de ir a algum lugar diferente, de fazer coisas diferentes. Talvez seja o mês manso, depois de todas as festas, que é janeiro. Mas Janeiro é também um mês de agito e de coisas acontecerem, e viajarmos, visitar família etc. E eu que num fiz nada disso esse ano, sinto falta.
Queria ir pra um lugar como "Passárgada" do Manuel Bandeira, poema que transcreverei no final ( Esse Blog tá virando quase um blog de poesia devido a algumas homenagens que faço a poetas que gosto, e Manuel Bandeira está no roll dos que mais eu gosto).
Mas o fato é que queria ir "me embora pra Passargada" por pelo menos duas semanas e depois voltar a minha vida de sempre. Com seus problemas, seus sossegos, suas turbulencias e alegrias de sempre.

Há!!! Permitam- me  só uma lembrança que esse poema me tráz, uma não, duas: a primeira é a imagem de eu com uns quatorze anos lendo esse poema e sonhando com um lugar onde a vida fosse essa aventura inconsequente, onde eu fosse amigo do rei e teria a mulher que quisesse, etc... isso pra minha mente adolescente era fantástico...e eu confesso que essa imagem de Passárgada não saiu de minha mente até hoje.
A segunda lembrança é de meu irmão tentando recitar esse poema num curso de teatro que nós fizemos. O Professor pediu pra cada um levar um poema pra ser recitado e ele, depois de treinar bastante, levou esse. Só que na hora que foi recitar ele não conseguia, chegava uma parte e dava branco etc. Tinha uma galera que ficava rindo, daquela cena e tal... e eu sabia o quanto era importante pro meu irmão, pois ele tinha treinado bastante. Final: fiquei sentido pois ele não conseguiu terminar o poema, e muito mais sentido pois não mandei aquela galera ir se fu***. Final da história.

Fim de papo. Taí o poema:



Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei


Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive


E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!

E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar

Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção

Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar


E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Beco sem Saída

O quintal de minha casa é um beco
Sem saída pras minhas angústias.
É um vão que instiga viagens
Sem rumo e sem volta...
É um lugar não cômodo
pros meus delírios.
É um pobre e moribundo beco
que chora meus lamentos.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Quando meu sonho e de meu Irmão era ser jogador de futebol

Acho o esporte um instrumento formidável de mobilização, entretenimento e socialização. Acredito no poder que ele tem em aglutinar e principalmente de despertar um senso de coletividade e de  solidariedade nas pessoas. E Por que não, Político?



O Futebol aqui no Brasil é um fenômeno. Em cada canto, bairros favelas, áreas rurais de nosso país tem pelo menos um espaço - seja ele um campo verde ( de grama ou sintético), quadras, praias, ou até ruas que não passe tantos carros - destinados à pratica do esporte mais popular do nosso país.


Quando era criança e depois adolescente, antes de entrar pra UJS, pegar o bába (nome popular do esporte na Bahia) entre a galera do bairro era algo religioso. Quase um ritual.


Eram todos os dias, ás cinco horas, quando o sol já tava baixando, que eu e meu irmão íamos nos juntar à aquele monte de gente num campo que tinha exatamente atráz da minha casa ou numa quadra que deve existir ainda na associação de moradores. Ás vezes só chegávamos bem de noite, depois que fizeram uma quadra com refletores lá no bairro. Achávamos um máximo poder jogar a noite sem sol e com uma claridade excelente dos refletores. Tinha até o Bába da meia noite. Imaginem!!!


Meu irmão, muito mais "fominha" que eu, era conhecido entre a galera pela sua dedicação quase viciada pelos bábas. Era  sempre um dos  primeiros a estar no campo a postos, e um dos últimos a sair. Sem Exagero de minha parte. As vezes pulava o muro de casa quando minha mãe não o deixava sair pra jogar. 


Tinham um poder de mobilizar jovens, esses bábas, impressionante!!!
Éramos conhecidos por todos do bairro e da escola - modéstia a parte jogávamos muito... rs!!! Disputávamos torneios, fazíamos parte do time da escola, até já fui pra Minas Gerais disputar
um Campeonato pelo time que eu fazia parte.




Meu sonho, dos meus dez até meus treze pra catorze anos, era ser jogador de futebol ( Aliás, sonho de quase noventa por cento dos meninos dessa idade). E acreditava piamente que chegaria a ser um. Abandonei o sonho quando peguei o violão emprestado de minha tia e descubri que queria ser Músico.

Boas lembranças essas...é algo que não se perdi dentro de nós e que fica ali guardado na lembrança e chegam assim numa noite como essas. Essa história, somada a mais outras tantas me fez ser o que eu sou. É Minha essência. E as valorizo muito.

Fico Feliz em compartilhar com todos Vcs.






2010!!!

Receita de ano novo






Para você ganhar belíssimo Ano Novo

cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,

Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido

(mal vivido talvez ou sem sentido)

para você ganhar um ano

não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,

mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;

novo

até no coração das coisas menos percebidas

(a começar pelo seu interior)

novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,

mas com ele se come, se passeia,

se ama, se compreende, se trabalha,

você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,

não precisa expedir nem receber mensagens

(planta recebe mensagens?

passa telegramas?)


Não precisa

fazer lista de boas intenções

para arquivá-las na gaveta.

Não precisa chorar arrependido

pelas besteiras consumidas

nem parvamente acreditar

que por decreto de esperança

a partir de janeiro as coisas mudem

e seja tudo claridade, recompensa,

justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,

direitos respeitados, começando

pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo

que mereça este nome,

você, meu caro, tem de merecê-lo,

tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,

mas tente, experimente, consciente.

É dentro de você que o Ano Novo

cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)



Fonte: http://www.revista.agulha.nom.br/drumm.html#receita

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Música mais música !!!!


Livros (Caetano Veloso)



Tropeçavas nos astros desastrada
Quase não tínhamos livros em casa
E a cidade não tinha livraria
Mas os livros que em nossa vida entraram
São como a radiação de um corpo negro
Apontando pra a expansão do Universo
Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso
(E, sem dúvida, sobretudo o verso)
É o que pode lançar mundos no mundo.

Tropeçavas nos astros desastrada
Sem saber que a ventura e a desventura
Dessa estrada que vai do nada ao nada
São livros e o luar contra a cultura.

Os livros são objectos transcendentes
Mas podemos amá-los do amor táctil
Que votamos aos maços de cigarro
Domá-los, cultivá-los em aquários,
Em estantes, gaiolas, em fogueiras
Ou lançá-los pra fora das janelas
(Talvez isso nos livre de lançarmo-nos)
Ou ­ o que é muito pior ­ por odiarmo-los
Podemos simplesmente escrever um:

Encher de vãs palavras muitas páginas
E de mais confusão as prateleiras.
Tropeçavas nos astros desastrada
Mas pra mim foste a estrela entre as estrelas.

http://www.youtube.com/watch?v=7vV22LRNrpk

* Não iria comentar essa letra mas ela é tão boa que é impossível não comentar.
Comentário 1. Caetano, apesar de eu ter alguns problemas com ele, o acho um dos melhores compositores que a Musica Popular Brasileira tem. Lembro de algumas nesse mesmo nível como: Língua, Queixa, Um Índio, Haiti - que dividiu a composição com Gilberto Gil - entre tantas outras.
Comentário 2. Acho os primeiros versos um dos mais bonitos que já vi - Tropeçava nos astros Desastrada - magnífico.
Comentário 3. Me vejo muito nos versos Quase não tínhamos livros em casa e a Cidade não tinha livraria. Primeiro: Em minha casa só tinha o livro Capitães da Areia de Jorge Amado. Segundo: Camaçari não tinha e não tem uma livraria.
Comentário 4. Acho exatamente que (...) a frase, o conceito, o enredo e o verso É o que pode lançar Mundos no Mundo.
Enfim bela letra merecida de ser ouvida e lida, observada e analizada.
Fiquem a vontade.

Boa Música

DEUS ME PROTEJA (Chico César)

Deus me proteja de mim e da maldade de gente boa.
Da bondade da pessoa ruim
Deus me governe e guarde ilumine e zele assim

Caminho se conhece andando
Então vez em quando é bom se perder
Perdido fica perguntando
Vai só procurando
E acha sem saber
Perigo é se encontrar perdido
Deixar sem ter sido
Não olhar, não ver
Bom mesmo é ter sexto sentido
Sair distraído espalhar bem-querer


*Acabei de ver Chico César cantando essa música no Sr Brasil programa da Tv Cultura.
Achei muito boa a letra, Chico César é um grande artista e um excelente compositor, muito bom o jogo de palavras com a idéia que a música dá.
Se eu subesse como colocar o video do youltube aqqui no blog eu colocaria pra vcs ouvirem a musica...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Pensamentos

Ando com o coração aos pulos, com a visão distante lá adiante no horizonte. Ando sonhando e tendo insônia noite após noite, dia após dia.

Vivo apegado à esperança e fazendo das veias e neurônios um órgão que me dê força na luta. Faço-me ao amanhecer jardineiro que lança à terra fértil sementes de uma nova vida.

Coloco minha existência a dizer o que corre em meu peito e a gritar que esse mundo esgotou-se.

Alimento-me do suor de meus companheiros, camaradas de causa e de sonhos. E se me decepciono por momentos com alguns deles, mais me fortaleço na minha caminhada por ver que depende de mim a mudança.

Sufoco-me muitas vezes com a fragilidade e a impotência dos Homens. Encanto-me muitas outras tantas vezes com a grandeza e a honra de muitos outros.