terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Bom e velho DRUMMOND...


Balada de amor através das idades


Carlos Drummond de Andrade

Eu te gosto, você me gosta
desde tempos imemoriais.
Eu era grego, você troiana,
troiana mas não Helena,
Saí do cavalo de pau
para matar seu irmão.
Matei, brigamos, morremos.

Virei soldado romano,
perseguidor de cristãos.
Na porta da catacumba
encontrei-te novamente.
Mas quando vi você nua
caída na areia do circo
e o leão que vinha vindo,
dei um pulo desesperado
e o leão comeu nós dois.

Depois fui pirata mouro,
flagelo da Tripolitânia.
Toquei fogo na fragata
onde você se escondia
da fúria do meu bergantim.
Mas quando ia te pegar
e te fazer minha escrava
você fez o sinal da cruz
e rasgou o peito a punhal...
Me suicidei também.

Depois (tempos mais amenos)
fui cortesão de Versailles,
espirituoso e devasso.
Você cismou de ser freira...
Pulei muro de convento
mas complicações políticas
nos levaram à guilhotina.

Hoje sou moço moderno
remo, pulo, danço, boxo,
tenho dinheiro no banco.
Você é uma loira notável,
boxa, dança, pula, rema.
Seu pai é que não faz gosto.
Mas depois de mil peripécias,
eu, herói da Paramount,
te abraço, beijo e casamos.

3 comentários:

  1. O MÁXIMO!!

    me fez lembrar de quando eu li no livro de português do ensino médio... e fui me apaixonando por Drummond...

    MUITO LINDO!

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  2. Lindo, gosto de Drummond e quem me fez gostar ainda mais foi esta mocinha aí de cima :D
    Tô esperando o comentário no meu blog porra! /o/ rsrsrs

    Gostei desta parte lembra-me minha vida

    Seu pai é que não faz gosto.
    Mas depois de mil peripécias,
    eu, herói da Paramount,
    te abraço, beijo e casamos.

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  3. me fez lembrar de quando eu li no livro de português do ensino médio... e fui me apaixonando por Drummond... [2]

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